O governo do Rio de Janeiro inaugurou, nesta sexta-feira (14), o Centro de Inteligência em Saúde (CIS), que vai monitorar e unificar, em ambiente digital, informações sobre incidência de doenças e busca de leitos, consultas, exames e cirurgias. O CIS conta com 416 técnicos, que se revezarão em turnos 24 horas por dia, em um prédio na capital fluminense repleto de computadores e painéis de monitoramento com informações consolidadas.
Segundo o governo do estado, é o maior centro intersetorial de vigilância epidemiológica e informação em saúde do país. O investimento estadual foi de cerca de R$ 6 milhões.
O conjunto de informações monitoradas em tempo real permitirá, por exemplo, a identificação mais rápida de surtos e epidemias. O CIS também possibilitará, com as análises, reduzir os efeitos da subnotificação de doenças.
“Quando trabalhamos com um sistema de notificação, sabemos que há uma demora na informação, até pelo próprio processo de identificação da doença. Agora, temos um modelo para estimar quantos casos devem existir no momento, com base no passado”, explicou a superintendente de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, Luciana Velasque.
fila de camas
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, disse que visitou lugares como Estônia, Copenhague (Dinamarca) e Londres para buscar informações de países mais atualizados em inteligência em saúde. Castro acredita que o CEI vai melhorar a gestão das filas e o uso dos recursos públicos.
“A Secretaria de Saúde pode dar mais transparência, pode fiscalizar aqueles leitos que estão regulamentados. Não estamos gastando muito dinheiro ou não estamos liberando o paciente muito rapidamente? Hoje, a Secretaria de Saúde tem condições de saber disso, não mais por sentir [intuição]mas com base em dados científicos”, disse o governador.
A Agência Brasil pediu ao governo do Rio de Janeiro dados sobre o tamanho da fila de pacientes à espera de leitos hospitalares. A Secretaria de Saúde respondeu, em nota, que “as filas de regulação são dinâmicas e variam de acordo com o tipo e complexidade do procedimento. [exames, cirurgias]que pode variar de 30 dias a dois anos”.
O CEI também contará com o Painel de Rumor, que monitorará as informações falsas que circulam na internet. Segundo o secretário estadual de Saúde, Dr. Luizinho, é uma forma de reagir ao surgimento de notícias falsas. “Isso nos torna capazes de fornecer informações de qualidade para que a imprensa possa repassar informações de qualidade à população. Caso contrário, tem gente em sites pregando contra a vacina, contra a vacinação, e as pessoas se alimentam de informações erradas”, afirmou. “Aqui virá uma alimentação correta”, acrescentou.
Parcerias
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, colaborará com o CIS no compartilhamento de informações e conhecimentos.
“O Rio de Janeiro apontou ser um estado digital, que entende que informação, evidência e inteligência podem mudar a realidade das populações. Essa inauguração permite identificar necessidades e implementar as ações corretas, de forma que ninguém fique para trás”, disse Socorro Gross Galiano, representante da OPAS/OMS no Brasil.
O secretário estadual de Saúde explicou que a parceria com a Opas vai além das informações coletadas no ambiente digital. “[A parceria] vai principalmente para a nossa luta contra a tuberculose. Nossa prioridade junto à OPAS é tirar o estado do Rio de Janeiro de ser um dos maiores em casos de tuberculose do Brasil. Nossa parceria é voltada para isso, vamos às ruas fazer buscas ativas nas casas, vamos entrar nas prisões para diminuir os casos de tuberculose no Brasil”, disse Dr. Luizinho.
O diretor da OPAS, Jarbas Barbosa, citou como o CIS pode ajudar a manter a assistência às populações mais vulneráveis, que ainda sofrem impactos negativos pós-pandemia.
“A pandemia aumentou a mortalidade materna, fazendo com que as portadoras de doenças crônicas percam a oportunidade de fazer um diagnóstico precoce. Vemos que é hora de se recuperar desses impactos, e nada melhor do que ter informações corretas para que o estado possa tomar uma decisão , mobilizar prefeituras e atuar em conjunto. A saúde é parte importante do desenvolvimento de qualquer país”, afirmou.
O diretor da OPAS acredita que o CIS do Rio de Janeiro pode ser um exemplo internacional. “Vamos trazer outros países da América Latina e do Caribe para conhecer essa experiência aqui, as coisas boas que vão sair dessa iniciativa”, informou.